Natal luta contra o cartel de postos de gasolina

Eis uma notícia alvissareira: a sociedade de Natal está travando uma civilizada batalha contra o cartel dos postos de gasolina.

O Rio Grande do Norte (mais especificamente a cidade de Mossoró, no oeste do Estado) é o maior produtor de gás e petróleo em terra do Brasil (e graças à refinaria Clara Camarão, o Estado logo será o único a ser autossuficiente em todos os derivados de petróleo).

Apesar disso, os natalenses pagam um dos preços de combustível para automóveis (englobando gasolina, álcool e gás) mais altos do Brasil. Nesse início de abril de 2011, em muitos postos os preços da gasolina foram reajustados para R$ 2,99 o litro; nessa mesma época, na vizinha João Pessoa, os preços giravam ao redor de R$ 2,50; no Recife, o aumento para R$ 2,70 também causava protestos.

Mas não é o preço em si que causa mais revolta entre a população. O maior motivo de indignação é que os preços sobem no mesmo dia, e pelos mesmos valores; de quando em quando, ocorrem promoções, e os preços também baixam no mesmo dia, e nos mesmos valores (até os décimos de centavos).

Os preços são livres, os postos podem vender até por R$ 100 o litro, se encontrarem comprador. Mas combinar preços é crime, tipificado em várias leis como prática de cartel. Caberia ao Ministério Público do Rio Grande do Norte denunciar a prática de crimes, mas aparentemente ele tem outras coisas com que se preocupar.

Cansada de esperar,  a população resolveu reagir. Uma página no twitter, que divulgava preços por toda a cidade, foi o estopim; diversas iniciativas de boicote aos postos de gasolina pipocaram (não abastecer em nenhum posto da BR, ou não abastecer nos postos das principais avenidas – Roberto Freire, Prudente de Morais e Salgado Filho, justamente as mais frequentadas por turistas); hoje, uma iniciativa democrática e efetiva: para boicotar um posto, ativistas abasteceram um valor mínimo e exigiram o teste de qualidade de combustíveis, reduzindo o movimento do posto.

A sociedade de Natal mostra que quando nem o Governo nem as autoridades se movimentam, o povo tem como se manifestar.

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