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O abandono do aeroporto de Natal

dezembro 4, 2009

A Tribuna do Norte publicou reportagem hoje informando que o aeroporto de Natal não consegue atender à demanda de passageiros.

Vários são os problemas que atingem o aeroporto.

Os mais visíveis são a falta de balcões de check in e a falta de espaço físico para os viajantes. Isso redunda em enormes filas nos guichês nos horários de pico e muitas pessoas espalhadas por todo o saguão aguardando partidas e chegadas.

Há problemas também com os banheiros, os elevadores, as escadas rolantes e o sistema de ar condicionado (esse problema já dura meses, segundo o Diário de Natal). Mesmo os estrangeiros (que chegam cada vez em menor número) sofrem com a falta de estrutura, conforme informa esse site.

Do lado de fora do saguão, há queixas com a escassez de táxis, a confusão no trânsito e a falta de estrutura do estacionamento (a tarifa do aeroporto de Natal é aproximadamente R$ 4 por duas horas, mais barato que o de Recife e muito mais barato que os do Rio ou São Paulo; entretanto, não há nenhuma área coberta nem para os carros nem para os usuários, que tem que caminhar sob o sol).

E quanto aos serviços oferecidos, o aeroporto de Natal também deixa a desejar. A única livraria (Sodiler) que havia foi fechada e substituída por uma míni-banca. O serviço de internet é pago (caro, algo como R$ 12 a hora), e não há wi-fi. As opções de restaurantes e lanchonetes são poucas.

A Infraero informa que vai reformar as instalações do antigo aeroporto (que foi desativado há uns 10 anos) para que atenda somente aos voos charter. Isso provavelmente vai desafogar o atual aeroporto, mas piorar a situação para os muitos passageiros que chegam em voos fretados, como os da CVC.

A Infraero parece estar reticente em investir no aeroporto atual, Augusto Severo, em vista da futura inauguração do novo aeroporto de São Gonçalo (que também está com atrasos no cronograma).

Enquanto isso, os visitantes que chegam a Natal sofrem com o abandono do aeroporto.

Carnatal e a gripe AH1N1

dezembro 2, 2009

O Carnatal desse ano pode ser afetado pela epidemia da gripe Ah1N1.

Até o final de novembro, foram registrados no Rio Grande do Norte 74 casos de gripe A, dos quais nove redundaram em óbito. Milhares de outros casos de menor gravidade foram reportados; a estrutura hospitalar do Estado já está operando próximo à capacidade total, e não suportará um aumento abrupto no número de casos.

À medida que o início do Carnatal se aproxima, as discussões sobre os perigos de contágio da gripe se intensificam. Há evidentemente grande interesse dos organizadores em evitar alarmes, já que o evento, o maior de Natal, movimenta muito dinheiro. Os Governos também se beneficiam temporariamente de uma maior arrecadação, mas cabe a eles também zelar pela saúde da população; não houve até o momento nenhuma ação oficial dos Governos em relação ao Carnatal.

A Tribuna do Norte publicou entrevista com o presidente da Sociedade Riograndense do Norte de Infectologia, Hênio Lacerda, que foi muito enfático em suas declarações:

TRIBUNA DO NORTE: Qual o risco real de se ter um aumento nos casos da Gripe A com o Carnatal?
Hênio Lacerda: Um documento do mês de novembro, liberado pela Organização Mundial de Saúde, informa que, apesar dos dados sobre a doença serem escassos e levando em consideração alguns pontos como a incidência da doença no local, estima-se que em ocorrendo um evento de massa a contaminação com o vírus H1N1 pode variar de 10% a 30%. E como também é estimado neste documento, cerca de 10% das pessoas infectadas poderão evoluir para a forma grave da doença. E desses casos graves, cerca de 10% correm o risco de ir a óbito em decorrência da doença. Mesmo se tendo pouca informação, esse número por si só, já deveria alertar para a não realização do evento.

O que as autoridades precisam providenciar para conter um provável avanço da doença no Carnatal?
Não tem o que ser feito. As recomendações da OMS para a prevenção do H1N1 são completamente antagônicas ao Carnatal. A primeira é evitar aglomeração, depois vem não haver contato muito próximo, não compartilhar objetos pessoais. E neste evento, apenas em um bloco são cinco mil pessoas, onde não se consegue ter nem meio metro de distância um do outro. Não há recomendação de uso de máscara. Se é para ir de máscara é melhor cancelar o evento.

Apesar de alguns poucos casos de pessoas desistindo de participar do Carnatal, a possibilidade de contágio não parece estar afetando o evento. Resta esperar pelas consequências.